Uma imensidão de água ao longo de 1.400 km². A represa de furnas foi criada há mais de 150 anos para abastecer uma usina hidrelétrica, mas também movimenta o turismo e a economia rural. E foi no maior reservatório de água do sudeste que ex-pescador e agora piscicultor José Alves do Couto instalou tanques para a criação de peixes. Alternativa para aumentar os lucros. “A pesca ultimamente ela já não dá lucro para sustentar a família, está apertado. Tirar o sustento da água hoje é muito difícil, os tanques redes são mais rendáveis”, diz José.

No começo eram apenas dois tanques, hoje são 95. Cada um com dois mil peixes tratados com ração. Mesmo em época de piracema a produção não para, do cativeiro os peixes vão direto para o abate, lá mesmo no sitio. Os funcionários têm uma habilidade incrível para cortar a carne. Apenas o filé que corresponde a um terço do peso total é aproveitado. Dona Cecília Rodrigues Couto, esposa de seu José, embala, pesa e leva o produto para ser congelado. “Tudo em geral melhorou. A gente trabalha mais, mas em compensação é mais recompensado”, afirma Cecília.Atualmente a produção de seu José é de 200 quilos de produção por dia que vão para bares, restaurantes e mercados da região. Vendendo o peixe embalado e congelado, ele consegue o preço de R$ 16 reais, por quilo enquanto o peixe inteiro não sairia por mais que R$ 4 reais, o quilo. E é por isso que ele não tem nem saudade da época de pescador. “De pescador para criador a diferença é grande. Gerou mais empregos. Tem sete famílias que vive com o retorno daqui”, diz José. Nos trinta e quatro municípios banhados pelo lago, já existem cerca de 500 piscicultores. A técnica foi implantada na região há 14 anos com o objetivo de controlar e melhorar a produção. “Pode programar a safra, ele pode ter produção constante durante o ano, pode programa o abate. Então é certeza de que o que ele vai produzir vai vender”, explica a extensionista Patrícia Regina Domingos.

A tilápia foi a espécie que melhor se adaptou as águas da represa. “É um peixe precoce, que com seis meses já está pronto para o abate e é uma das carnes mais apreciadas nos peixes”, afirma o dono do criadouro José Antônio de Oliveira. Há seis anos Jose Antônio abriu um criadouro de alevinos no município de Areado. 70% vão para os tanques da represa de furnas. De 2008 até agora, a produção dobrou. “O pessoal esta largando do extrativismo e produzindo peixe”, diz José Antônio. No ano passado, cinqüenta piscicultores criaram uma associação e querem construir um frigorífico para o abate. “Sem um frigorífico para você abater o peixe fica complicado a venda. Nós temos que criar o peixe, mas nós temos que vender também e com o frigorífico nós vamos ter mais lucro”, conclui o presidente da Associação de Piscicultores de Capitólio e Região José Tadeu Rodrigues.

Fonte: Eptv.com